sexta-feira, 27 de março de 2009

Com relação à nossa Enquete que perguntava acerca dos apóstolos


Nossa última enquete perguntava sobre a questão de existirem ou não apóstolos nos dias atuais.

Sobre o assunto, colocamos aqui o texto que o Ev. Allan Ferreira publicou em seu blog (
http://ministerioallanferreira.blogspot.com/2009/03/e-curioso-observar-como-algumas-igrejas.html), o qual é muito claro ao tratar da questão de maneira bíblica.

A Fragilidade do Apostolado Moderno

É curioso observar como algumas igrejas evangélicas têm facilidade em aceitar novidades. E é triste verificar a falta de empenho dos cristãos em observar as Escrituras e analisá-las com sensatez e cuidado. Triste também é saber que poucas são as igrejas que incentivam seus membros ao estudo sistemático da Bíblia, ao aprofundamento teológico, à formação de grupos de estudo e discussão sobre as doutrinas cristãs e que verifiquem na Bíblia se as coisas realmente são como é pregado. Aliás, não é pecado analisar se os ensinos e a pregação estão em conformidade com as Sagradas Escrituras (Atos 17.10-11). Dentro desta miscelânea de revelações e novidades que temos observado, é importante expressar-se sobre o caráter das revelações:

1) as revelações nunca deverão ser colocadas acima da Bíblia. A Bíblia é a palavra final e autoridade máxima, já que se trata da inerrante Palavra de Deus;

2) Se a revelação está em desconformidade com a Bíblia, descarte imediatamente tal revelação.

Deus não é Deus de confusão (1 Coríntios 14.33). As experiências pessoais não podem ser colocadas acima das Escrituras Sagradas, pois estas já contêm a revelação do propósito de Deus ao homem.

Nestes tempos de tantas novidades, algo nos chama a atenção de maneira muito preocupante na história recente da Igreja: trata-se do Apostolado Contemporâneo, ou Restauração Apostólica.

Muitos têm se levantado como apóstolos nestes dias. Apóstolos ungindo apóstolos e criando uma hierarquia apostólica. Há alguns pastores que, talvez por se sentirem menores que seus colegas de ministério que foram ungidos como apóstolos, ungem-se a si mesmos e se auto-proclamam apóstolos.

Não há fundamento para o chamado ministério apostólico contemporâneo pelo simples fato de o mesmo não possuir respaldo bíblico. Segundo o Dicionário Bíblico Universal, o termo apóstolo significa mais do que um mensageiro: a sua significação literal é a de "enviado", dando a idéia de ser representada a pessoa que manda. O apóstolo é um “enviado”, um “delegado”, um “embaixador” (Buckland & Willians, p. 35).

A Bíblia de Estudo de Genebra também aplica esta descrição, dizendo que apóstolo significa “emissário, representante, alguém enviado com a autoridade daquele que o enviou” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).

A FRÁGIL SUSTENTAÇÃO

Aqueles que defendem esta frágil posição têm se sustentado principalmente na má interpretação do texto de Efésios 4.11 para o uso do ministério apostólico para nossos dias. O texto em questão diz: “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”.

A REFUTAÇÃO

As regras mais simples de hermenêutica nos ensinam que os textos sagrados nunca devem ser tirados de seu contexto. E no contexto da epístola de Paulo aos Efésios, temos no capitulo 2 o texto que prova que este ministério não mais existe. Antes de citar o texto, é importante refletir: quando um prédio é construído, o que é feito primeiro? As paredes ou a fundação da obra? É obvio que todo alicerce, toda fundação é feita em primeiro lugar. Não é possível construir as paredes e no meio das paredes fazer a fundação.
Efésios 2.19-20 diz: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”.

Cristo é a pedra angular e os fundamentos foram postos pelos apóstolos e profetas. Os evangelistas, pastores e mestres são os responsáveis pela construção das paredes desta obra. Como bem explica Norman Geisler:

“De acordo com Efésios 2.20, os membros que formam a igreja estão "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas". Uma vez que o alicerce está pronto, ele não é jamais construído novamente. Constrói-se sobre ele. As Escrituras descrevem o trabalho dos apóstolos e dos profetas quanto à sua natureza, como um trabalho de base” (Geisler, p. 375).

A Bíblia registra o uso do termo apóstolo a outros personagens. Russel N. Champlin explica que “há também um sentido não técnico, secundário, da palavra apóstolo. Trata-se de uma significação mais lata, em que o termo foi aplicado a muitas outras pessoas, nas páginas do NT. Esse sentido secundário dá a entender essencialmente missionários, enviados dotados de poder e autoridade especiais” (Champlin, p. 288, v. 3).
Nesse sentido o Apóstolo Paulo chamou a alguns irmãos por apóstolos seguindo este termo não técnico: Tiago, irmão do Senhor (Gálatas 1.19), Epafrodito (Filipenses 2.25), Apolo (1 Coríntios 4).
No contexto de Efésios 4.1, Paulo não estava se referindo a estes homens, mas sim aos 12, Matias (que substituiu Judas Iscariotes), e a si mesmo. Estes compunham, juntamente com os profetas, o fundamento da Igreja (Efésios 2.19-20).

Havia duas exigências fundamentais para que um apóstolo fosse reconhecido para tal função:
1) Ser testemunha ocular da ressurreição de Jesus Cristo (Atos 1:21-22; Atos 1.2-3 cf. 4.33; 1 Coríntios 9.1; 15.7-8);

2) Ser comissionado por Cristo a pregar o Evangelho e estabelecer a Igreja (Mateus 10.1-2; Atos 1.26).

Assim como Matias, que passou a integrar o corpo apostólico por ser uma testemunha, Paulo, que se considerava o menor, por ser o último dos apóstolos, contemplou a Cristo no caminho de Damasco (Atos 9.1-9; 26.15-18), onde ocorreu o início de sua conversão. Ou seja, ambos preenchem os pré-requisitos para tal função. No entanto, os que se intitulam apóstolos em nossos dias não se encaixam nos padrões bíblicos que validam o apostolado.
É interessante que, enquanto o Ap. Paulo refere-se a si mesmo como “o menor dos apóstolos” (1 Coríntios 15.9), os atuais apóstolos têm por característica a fama e a ostentação do título. Tudo é apostólico! A unção é apostólica! Os eventos são apostólicos! As músicas são apostólicas! Nem de longe se assemelham com a humildade dos apóstolos bíblicos. Eventos, cultos e seminários se tornam mais interessantes quando a presença do Apóstolo Fulano é confirmada. É um chamariz: “venha e receba a unção apostólica diretamente do Apóstolo Beltrano”.

Tais apóstolos têm se colocado como super-crentes, uma nova e especial classe da Igreja, a elite cristã dos tempos modernos. Hoje existe de tudo um pouco neste balcão mercantil da fé: Apóstolo do Brasil, Apóstolo da Santidade, Apóstolo do Avivamento e até mesmo o mais popular apóstolo brasileiro, chamado por muitos “Paipóstolo”.
Existem hoje ministérios com características apostólicas, no sentido das missões (envio) e no de igrejas. No entanto, isso não faz de ninguém um apóstolo nos padrões bíblicos. A forma como Wayne Grudem explica esse fato é muito esclarecedora:

“Embora alguns hoje usem a palavra apóstolo para referir-se a fundadores de igrejas e evangelistas, isso não parece apropriado e proveitoso, porque simplesmente confunde quem lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade ali atribuída ao ofício de ‘apóstolo’. É digno de nota que nenhum dos grandes nomes na história da Igreja – Atanásio, Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley e Whitefield – assumiu o título de ‘apóstolo’ ou permitiu que o chamassem apóstolo. Se alguns, nos tempos modernos, querem atribuir a si o título ‘apóstolo’, logo levantam a suspeita de que são motivados por um orgulho impróprio e por desejos de auto-exaltação, além de excessiva ambição e desejo de ter na igreja mais autoridade do que qualquer outra pessoa deve corretamente ter”. (Grudem, p. 764).

É equivocado aplicar o termo “apóstolo” para ministros contemporâneos. A Bíblia de Estudo de Genebra conclui que “não há apóstolos hoje, ainda que alguns cristãos realizem ministérios que, de modo particular, são apostólicos em estilo. Nenhuma nova revelação canônica está sendo dada; a autoridade do ensino apostólico reside nas escrituras canônicas” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).
Tamanho fascínio que os crentes possuem por essa Restauração Apostólica gera preocupação nas lideranças mais sóbrias. Vale citar as sábias palavras de Augusto Nicodemus Lopes:

“Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos auto-nomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira.” (Lopes, cf. blog do autor).

CONCLUSÃO

Os ofícios que o Novo Testamento expõe para a Igreja, para aqueles que compõem sua liderança, são: Apóstolos, Pastores (ou Presbíteros, ou Bispos – já que todos os termos representam a mesma função/ofício – Tito 1.5-7; Atos 20.17,28) e Diáconos. Esta Restauração Apostólica não encontra subsídio bíblico ou histórico. Portanto, levando em conta este contexto, e considerando principalmente que Paulo foi o último apóstolo, conclui-se que não existem apóstolos em nossos dias. Cabe à Igreja de nossos dias exercer suas funções sem invencionices e modismos, seguindo o puro e verdadeiro Evangelho.


Referências:
Buckland, AR. e Willians, L. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: 2001. Editora Vida
Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo: 1999. Editora Cultura Cristã Page 3
Geisler, N. e Rhodes, R. Resposta às Seitas. Rio de Janeiro: 2004. CPAD.
Champlin, RN. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 3 e 4. São Paulo: 2002. Hagnos
Grudem, W. Teologia Sistemática. São Paulo: 1999. Edições Vida Nova.
AGIR – Agência de Informações Religiosas – www.agirbrasil.com
Augusto Nicodemus Lopes - http://tempora-mores.blogspot.comOrigem: www.irmaos.com/articulando/?id=1436

4 comentários:

Marcelo Oliveira disse...

Graça e paz!
Irmã Vanessa!

Baseados na Palavra de Deus, nas práticas dos ditos apóstolos contemporâneos e também expressa na opinião dos participantes da enquente deste blog acredito que esta finalização responde de forma eloquente o que levantamos em nossos blogs (Ap 2.2).

Nilton Dutra disse...

A Paz do Senhor, a todos quantos amam a VERDADE!

A prudência é uma virtude que tende a não nos permitir agir com precipitação. Logo, prudência é o antônimo de precipitação. O precipitado é denominado na BÍBLIA como tolo, néscio, e até mesmo louco (Lc 12:20). A prudência nos faz refletir antes de agir ou falar.
O que quero dizer com esse preâmbulo? Simples. Quando nos dispomos a fazer algo, até mesmo escrever um texto, a prudência nos mantém no campo do conhecimento, e não da especulação. Este seria o campo do precipitado, que fala (ou escreve) sem pensar, sem ter conhecimento do assunto.
Fiquei admirado com o texto sobre os apóstolos, onde de forma clara, prudente, e mais importante, bíblica, trouxe a lume verdades que refutam a tese do ofício apostólico nos últimos dias. A BÍBLIA nos ensina que devemos "perseverar na DOUTRINA dos Apóstolos" (Atos 2:42), isto é, nos ensinos, fundamentos dos apóstolos. Ora! O fundamento (que é CRISTO) já foi lançado, o que cabe aos demais é edificar sobre ele. Essa edificação é a IGREJA, que "um a um" vai agregando almas para o REINO DE DEUS (Mc 16:15).
É notável como aqueles que se auto-denominam "apóstolos", procuram atrair para sí a "glória" (que não lhes pertence). Os programas de rádio/televisão que deveriam servir para pregar o evangelho, as boas novas de salvação, estão servindo apenas à propagação de denominações, de títulos de seus líderes, e muitas vezes, ao arrepio da verdade, usam-nos para venda deste ou daquele artigo para emagrecer, receitas, e pasmem...até para fazer piadinhas (sem graça, diga-se), que nada edificam.
Acredito que falta a humildade de reconhecer que JESUS é o SENHOR.
Certa feita, DEUS ordenou ao profeta Jeremias que descesse até a casa do oleiro para aprender o que ELE iria ensinar (Jr. 18:1-6), e fez uma importante pergunta: "Não poderei eu fazer de vós como fez o oleiro?...".
Quantos estarão dispostos a dizer "SIM"?.
Que o SENHOR afaste de nós a arrogância, o orgulho, a exaltação, a auto-suficiência...

DEUS nos abençoe e nos guarde, para sermos achados dignos de ir morar no Céu.

EBD Itaquerão disse...

Irmão Marcelo,
A Paz do Senhor!

Agradecemos sua participação em nosso blog.

Realmente, o texto em apreço refuta de maneira definitiva o apostolado moderno.

Deus abençoe!

EBD Itaquerão disse...

Irmão Nilton,
A Paz do Senhor!

Agradecemos sua participação em nosso blog!

O ingrediente que está realmente faltando é o temor a Deus, que tem passado muito longe de alguns ditos "homens de Deus".

Deus abençoe!