quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Considerações sobre o dízimo


Por Vanessa Dutra
Secretária Geral da EBD


Em nossa última enquete, questionamos acerca do dízimo, e as respostas foram bem interessantes: 60% das pessoas votaram em "Sim, o dízimo é uma ordenança bíblica que não perdeu a validade". 8% votaram em "Sim, porém não é obrigatório, tendo em vista não haver ordenanças bíblicas referentes ao dízimo no Novo Testamento". 21% votaram em "Sim, mas não nos mesmos moldes do Antigo Testamento, e os 10% são apenas uma referência." 8% votaram em "Não, o dízimo foi uma ordenança apenas para o povo de Israel. Nós temos de entregar apenas as nossas ofertas." E ninguém votou na última opção: "Não, o dízimo é coisa do Antigo Testamento, e a Igreja não deveria nem solicitá-lo, nem recebê-lo."


Levando em conta as diferentes respostas, vale fazer aqui algumas considerações sobre o assunto em questão.


O dízimo no Antigo Testamento
Ao contrário do que muitos pensam, o dízimo não começou com a Lei de Moisés, mas é anterior a ela. Em Gênesis 14.20 vemos que Abraão deu o dízimo dos despojos de guerra a Melquisedeque, que era “sacerdote do Deus Altíssimo” (vv. 18).
A Lei de Moisés apenas regulamentou a prática de entregar o dízimo, e fez dessa prática uma obrigação ao povo de Israel (Dt. 12.6). Os profetas de Israel incentivavam a prática do dízimo, profetizando bênçãos para quem o entregasse (Ml. 3.10).
No Antigo Testamento, os dízimos tinham o objetivo de sustentar os levitas e a casa do Senhor. Inclusive, os levitas entregavam os dízimos dos dízimos aos sacerdotes (Nm. 18.26).


O dízimo no Novo Testamento
No Novo Testamento, nós vemos Jesus censurando os escribas e fariseus por sua motivação errada ao entregar os dízimos: eles o faziam por puro legalismo e para se mostrar aos demais (Mt. 23.23). Jesus nunca foi contra a prática do dízimo, muito pelo contrário: no versículo 23 do capítulo 23 de Mateus, Jesus afirma que os fariseus deveriam dizimar tudo, porém sem abandonar o juízo, a misericórdia e a fé.
Na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 16, versículo 2, vemos Paulo fazendo referência a contribuições da Igreja Primitiva, onde cada um deveria contribuir “conforme a sua prosperidade”.
O motivo pelo qual não existe nenhuma ordenança explícita com relação ao dízimo no Novo Testamento é muito simples: a Igreja Primitiva não contribuía com APENAS 10%, mas eles vendiam tudo o que tinham e repartiam uns com os outros: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade.” (Atos 2.44,45)


O dízimo nos dias de hoje
Realmente, não existe na Bíblia nenhum mandamento explícito para a Igreja com relação à entrega do dízimo. Os membros devem sim, contribuir financeiramente com a igreja local, mas os 10% são apenas uma referência, e referência esta baseada no Antigo Testamento. Além disso, a porcentagem fixa é a maneira mais justa de contribuição, porque quem ganha pouco, dará 10% de pouco, e quem ganha muito dará 10% de muito.
O que devemos ter em mente é que Deus valoriza muito mais o sentimento do que o próprio ato em si. Em 2Coríntios 9.7 (mais interessante é ler todo o capítulo) Paulo exorta: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.”
Entregar o dízimo é um ato de fé, e deve ser feito com a motivação correta. Não como maneira de fazer chantagem ou barganha com Deus, mas em sinal de agradecimento por tudo que Ele nos tem feito.
Em Romanos 14.23, o apóstolo Paulo adverte que o que não provém de fé é pecado. Se alguém não tem fé para entregar o dízimo, é melhor não fazê-lo. Todos nós prestaremos contas de nossos atos a Deus, tanto daquilo que fazemos quanto daquilo que deixamos de fazer.


No livro de Levítico, vemos uma tipologia interessante com relação aos sacrifícios instituídos por Deus. Havia 4 sacrifícios cruentos (que envolviam sangue) e um sacrifício não cruento. Os sacrifícios cruentos era o holocausto, a oferta pacífica, a oferta pelo pecado e a oferta pela culpa, e o sacrifício sem sangue era a oferta de manjares. Claro que o perfeito cumprimento dessas ofertas sacrificiais foi o próprio Senhor Jesus Cristo, mas, por analogia, podemos estabelecer um paralelo com a Igreja: a oferta de holocaustos pode ser comparada aos nossos corpos, que devem ser oferecidos em sacrifício vivo a Deus (Rm. 12.1). A oferta pacífica pode ser comparada aos nossos sacrifícios voluntários de louvor a Deus. As ofertas pelo pecado e pela culpa foram feitas pelo próprio Jesus, ao se dar por nós. Já a oferta de manjares pode ser comparada aos nossos dízimos e ofertas, quando nós os entregamos em gratidão a Deus e, simbolicamente, consagramos todos os nossos bens ao Senhor.


É importante ter em mente que o dízimo não deve ser considerado uma obrigação, mas um privilégio. Se Deus nos abençoa com portas de emprego e nos faz prosperar, por que reteríamos uma parte que é dEle?


Para encerrar, meditemos no que diz Provérbios 3.9,10:


“Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares.”

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