terça-feira, 3 de março de 2009

Comentários à lição 10 (10109) - parte B


O DIA DA EXPIAÇÃO
Por Ev. Alan G. de Sá***
Líder do Ministério Pescadores de Almas** e
Professor Convidado da EBD

Foi instituído como estatuto permanente por Moisés, como dia de expiação pelos pecados no décimo dia do mês de Tirsri (setembro/outubro). Essa grande festividade, assim como as outras, começava ao pôr do sol do dia anterior, prolongando-se por 24 horas, até o pôr do sol do outro dia, conforme os rabinos recomendavam, até que três estrelas fossem vistas no horizonte.

O propósito que transparece neste dia é que ele servia de lembrete de que os holocaustos diários, semanais e mensais, feitos sobre o altar das ofertas queimadas, não eram suficientes para fazer a expiação pelo pecado. Até mesmo no caso das ofertas feitas sobre o altar das ofertas queimadas, o adorador mantinha-se afastado, incapaz de aproximar-se da santa presença de Deus, O qual se manifestava entre os querubins, sobre o propiciatório, no Santo dos Santos. Somente neste dia era feita plena expiação, simbólica, no interior do Santo dos Santos.

Essa restrição também mostrava que o pecado é um obstáculo para se acessar a presença de Deus com liberdade.

Havia nesse dia uma série de normas e proibições para a execução de sua cerimônia, sobretudo para o sumo sacerdote. Elas estão escritas no capítulo 16 do livro de Levítico. Ele tinha uma série de normas a serem observadas nesse dia, pois era o único dia do ano que ele entraria no Santo dos Santos para fazer expiação pelo pecado dele, sua família e da nação (Lv 16.5, 6, 15; Hb 9.7). De fato, nesse dia o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos por quatro vezes:

1-) Na primeira vez ele trazia o incensário de ouro e o vaso cheio de incenso. Após ter entrado, ele colocava o incensário entre as duas extremidades do Santo dos Santos e o incenso sobre os carvões acesos. Então, ele retirava-se de costas para nunca dar as costas para o Santo dos Santos. (Lv 16.12, 13);

2-) Na segunda entrada ele levava consigo o sangue do animal oferecido em expiação pelos pecados por si e pelos demais sacerdotes; colocava-se entre as duas extremidades do Santo dos Santos, imergia um dedo no sangue e o aspergia por sete vezes embaixo e por uma vez em cima do propiciatório. Tendo feito isso, deixava a bacia e voltava novamente;

3-) O sumo sacerdote entrava com o sangue do carneiro oferecido pelos pecados da nação, com o qual aspergia na direção do véu do Santo dos Santos, nos chifres do altar de incenso, e depois derramava no assoalho do altar das ofertas queimadas, após ter saído levando as bacias com sangue para fora;

4-) Na quarta vez, o sumo sacerdote adentrava o Santo dos Santos meramente para buscar o incensário e o vaso de incenso. Isso fica claro em face da variedade dos ritos realizados, conforme relatado nas descrições de Levítico 16.12,14,15. A expressão “uma vez por ano”, em Hb 9.7, mostra que ele entrava ali “uma vez por ano”, não dizendo respeito às várias entradas que constituíam a entrada nesse dia.

O sumo sacerdote era a única pessoa que podia fazer isso, e nos dias do Novo Testamento, a fim de não haver erro, ele era cuidadosamente vestido pelos anciãos e praticava diariamente o ritual na semana anterior.

As consciências ficavam limpas pelo bode remanescente, que recebia os pecados do povo pela imposição de mãos (Lv 16.21,22). Ele era depois levado ao deserto e solto ali para simbolizar a remoção do pecado. Esse animal era conhecido como bode expiatório. As carcaças dos animais sacrificados eram então queimadas longe dali. O escritor aos Hebreus considerou toda a cerimônia desse dia como uma figura imperfeita do que Jesus fez por nós (Hb 9.7-14; 10.19-22; 13.11,12).

MAS O QUE SIGNIFICA O TERMO EXPIAR?

A Palavra “expiar” (hebraico Kãphar), como verbo, quer dizer “cobrir, reconciliar, propiciar, pacificar”. Esta raiz é encontrada no idioma hebraico em todos os períodos de sua história, e talvez seja mais bem conhecida do termo Yom Kippur, “Dia da Expiação”. Ocorre com mais frequência no livro de Levítico. No capítulo 16 de Levítico, é encontrado pelo menos 16 vezes. Como vemos, é o grande capítulo relativo ao dia da expiação.

Como substantivo (kappõret), significa “propiciatório, assento da misericórdia, trono da clemência”. Esta forma do substantivo kãphar refere-se a uma laje de ouro que ficava em cima da arca do concerto, onde ficavam os querubins, um de frente para o outro. No dia da Expiação, o sumo sacerdote borrifava sobre ela o sangue da oferta pelo pecado, simbolizando a aceitação do sangue por Deus. Assim, o Kappõret era o ponto central no qual Israel, por meio do seu sumo sacerdote, podia entrar na presença de Deus.

A idéia básica da expiação está ligada à reparação de um mal, à satisfação das exigências da justiça por meio do pagamento da penalidade.

A LIÇÃO DO “DIA DA EXPIAÇÃO” VALE APENAS PARA O POVO JUDEU?

Na verdade, não. Como vimos na Palavra de Deus, o propósito desse dia era buscar o perdão dos pecados da nação Israelita e a sua aceitação por Deus. Esse desejo de ser perdoado e aceito por Deus, na verdade, existe dentro de todo ser humano. Até na vida dos que se dizem ateus, este desejo se manifesta no vazio e na mera visão cíclica da vida: “nascer-viver-morrer”.
No fundo, todo ser humano sabe que ele tem um destino eterno, porém ao mesmo tempo que ele tem esta consciência, ele também sabe que é indigno e que de alguma forma ele não está pronto para encarar tal destino.
Por exemplo:
Don Richardson, em seu livro “O Fator Melquisedeque”, fala-nos sobre um povo que vive na Indonésia, por nome Dyaks, de Bornéu. Esse povo, antigos caçadores de cabeças, e que agora por conflitos políticos têm retornado a essa prática, nunca ouviram falar de “Dia da Expiação” dos judeus, e tinham um costume semelhante. Uma vez por ano toda a aldeia e seus anciões se reuniam à beira de um rio. Os artesãos da tribo faziam um barco que era entregue nas mãos dos anciãos, que cuidadosamente era colocado à margem do rio próximo da Aldeia onde moravam, chamada Anik. Estes escolhiam duas galinhas do bando da Aldeia, enquanto toda a aldeia olhava. Os anciãos, depois de verificarem se as duas galinhas estavam sadias, matava uma delas e colocava o seu sangue à margem do rio, e a outra era amarrada viva na extremidade do barco, junto com uma lâmpada amarrada na outra extremidade. Depois, cada habitante da Aldeia vinha e depositava algo invisível, que eles chamavam de “Dosaku!”, “meu pecado”. Depois os anciãos colocavam o barco no rio cuidadosamente e esperavam ele sumir na correnteza. Caso ele voltasse para a margem ou encalhasse em algo invisível, seria um ano de ansiedade, até o próximo ritual. Porém se o barquinho desaparecesse na curva do rio todo o povo gritava: “Selamat! Selamat! Selamat!” (Estamos salvos, Estamos salvos). Mas só até o próximo ano!

Toda essa conscientização em relação ao pecado, assim como ocorreu com o povo judeu, cremos que foi dada por Deus ao coração de todo ser humano. Qual a solução que Deus oferece então para judeus e gentios?

JESUS CRISTO É O CUMPRIMENTO DO DIA DA EXPIAÇÃO

O autor de Hebreus realça o cumprimento do dia da expiação em Jesus Cristo (Hb 9.6-10.18). Ele é tanto o Cordeiro sacrificado como Aquele que leva os pecados embora. Jesus é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29).
Estes sacrifícios apontavam para Jesus, que ao contrário dos sumos sacerdotes anteriores, que precisavam repetir anualmente estes sacrifícios tanto por eles mesmos como pela nação, veio para remover permanentemente todo o pecado confessado (Hb 9.28; 10.10-18).

Os dois bodes representam o perdão, a expiação, a reconciliação e a purificação consumada por Cristo. O bode que era sacrificado representa a morte vicária (substitutiva) e sacrificial de Cristo pelos pecadores para remissão dos seus pecados (Rm 3.24-26; Hb 9.11,12,24-26). O bode expiatório, conduzido para longe, levando os pecados da nação, tipifica o sacrifício de Cristo, que remove o pecado e a culpa de todos quantos se arrependem (Sl 103.12; Is 53.6,11,12; Jo 1.29; Hb 9.26)

O lugar santíssimo onde o sacerdote oferecia a expiação simbolizava o trono de Deus nos céu. Cristo entrou lá após Sua morte e, com Seu próprio sangue, fez expiação para o crente perante o trono de Deus (Êx 30.10; Hb 9.7,8,11,12,24-28).

Jesus efetuou o pagamento para Deus de nossos pecados de uma vez por todas!

Deus abençoe a todos e Bons estudos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CHAMOLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos
GOWER, Ralph. Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. Ed. CPAD
DICIONÀRIO VINE. Ed. CPAD
DICIONÁRIO WICLLIFF. Ed. CPAD
RICHARDSON, Don. O Fator Mesquisedeque. Ed. Vida Nova
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Ed. CPAD
**www.pescadoresdealmas.blogspot.com

2 comentários:

Allan Ferreira disse...

Saudações à todos!

Prezada Irmã Vanessa, sinta - se a vontade para transcrever o artigo: A FRAGILIDADE do apostolado MODERNO, e que Deus a use poderosamente para transmitir essa realidade à todos que a ouvirem...


Em Cristo, nele, que nos chamou como filhos amados,

Allan

EBD Itaquerão disse...

A Paz do Senhor, irmão Allan!

Agradecemos pela oportunidade!

Deus abençoe!