sexta-feira, 27 de março de 2009

Com relação à nossa Enquete que perguntava acerca dos apóstolos


Nossa última enquete perguntava sobre a questão de existirem ou não apóstolos nos dias atuais.

Sobre o assunto, colocamos aqui o texto que o Ev. Allan Ferreira publicou em seu blog (
http://ministerioallanferreira.blogspot.com/2009/03/e-curioso-observar-como-algumas-igrejas.html), o qual é muito claro ao tratar da questão de maneira bíblica.

A Fragilidade do Apostolado Moderno

É curioso observar como algumas igrejas evangélicas têm facilidade em aceitar novidades. E é triste verificar a falta de empenho dos cristãos em observar as Escrituras e analisá-las com sensatez e cuidado. Triste também é saber que poucas são as igrejas que incentivam seus membros ao estudo sistemático da Bíblia, ao aprofundamento teológico, à formação de grupos de estudo e discussão sobre as doutrinas cristãs e que verifiquem na Bíblia se as coisas realmente são como é pregado. Aliás, não é pecado analisar se os ensinos e a pregação estão em conformidade com as Sagradas Escrituras (Atos 17.10-11). Dentro desta miscelânea de revelações e novidades que temos observado, é importante expressar-se sobre o caráter das revelações:

1) as revelações nunca deverão ser colocadas acima da Bíblia. A Bíblia é a palavra final e autoridade máxima, já que se trata da inerrante Palavra de Deus;

2) Se a revelação está em desconformidade com a Bíblia, descarte imediatamente tal revelação.

Deus não é Deus de confusão (1 Coríntios 14.33). As experiências pessoais não podem ser colocadas acima das Escrituras Sagradas, pois estas já contêm a revelação do propósito de Deus ao homem.

Nestes tempos de tantas novidades, algo nos chama a atenção de maneira muito preocupante na história recente da Igreja: trata-se do Apostolado Contemporâneo, ou Restauração Apostólica.

Muitos têm se levantado como apóstolos nestes dias. Apóstolos ungindo apóstolos e criando uma hierarquia apostólica. Há alguns pastores que, talvez por se sentirem menores que seus colegas de ministério que foram ungidos como apóstolos, ungem-se a si mesmos e se auto-proclamam apóstolos.

Não há fundamento para o chamado ministério apostólico contemporâneo pelo simples fato de o mesmo não possuir respaldo bíblico. Segundo o Dicionário Bíblico Universal, o termo apóstolo significa mais do que um mensageiro: a sua significação literal é a de "enviado", dando a idéia de ser representada a pessoa que manda. O apóstolo é um “enviado”, um “delegado”, um “embaixador” (Buckland & Willians, p. 35).

A Bíblia de Estudo de Genebra também aplica esta descrição, dizendo que apóstolo significa “emissário, representante, alguém enviado com a autoridade daquele que o enviou” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).

A FRÁGIL SUSTENTAÇÃO

Aqueles que defendem esta frágil posição têm se sustentado principalmente na má interpretação do texto de Efésios 4.11 para o uso do ministério apostólico para nossos dias. O texto em questão diz: “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”.

A REFUTAÇÃO

As regras mais simples de hermenêutica nos ensinam que os textos sagrados nunca devem ser tirados de seu contexto. E no contexto da epístola de Paulo aos Efésios, temos no capitulo 2 o texto que prova que este ministério não mais existe. Antes de citar o texto, é importante refletir: quando um prédio é construído, o que é feito primeiro? As paredes ou a fundação da obra? É obvio que todo alicerce, toda fundação é feita em primeiro lugar. Não é possível construir as paredes e no meio das paredes fazer a fundação.
Efésios 2.19-20 diz: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”.

Cristo é a pedra angular e os fundamentos foram postos pelos apóstolos e profetas. Os evangelistas, pastores e mestres são os responsáveis pela construção das paredes desta obra. Como bem explica Norman Geisler:

“De acordo com Efésios 2.20, os membros que formam a igreja estão "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas". Uma vez que o alicerce está pronto, ele não é jamais construído novamente. Constrói-se sobre ele. As Escrituras descrevem o trabalho dos apóstolos e dos profetas quanto à sua natureza, como um trabalho de base” (Geisler, p. 375).

A Bíblia registra o uso do termo apóstolo a outros personagens. Russel N. Champlin explica que “há também um sentido não técnico, secundário, da palavra apóstolo. Trata-se de uma significação mais lata, em que o termo foi aplicado a muitas outras pessoas, nas páginas do NT. Esse sentido secundário dá a entender essencialmente missionários, enviados dotados de poder e autoridade especiais” (Champlin, p. 288, v. 3).
Nesse sentido o Apóstolo Paulo chamou a alguns irmãos por apóstolos seguindo este termo não técnico: Tiago, irmão do Senhor (Gálatas 1.19), Epafrodito (Filipenses 2.25), Apolo (1 Coríntios 4).
No contexto de Efésios 4.1, Paulo não estava se referindo a estes homens, mas sim aos 12, Matias (que substituiu Judas Iscariotes), e a si mesmo. Estes compunham, juntamente com os profetas, o fundamento da Igreja (Efésios 2.19-20).

Havia duas exigências fundamentais para que um apóstolo fosse reconhecido para tal função:
1) Ser testemunha ocular da ressurreição de Jesus Cristo (Atos 1:21-22; Atos 1.2-3 cf. 4.33; 1 Coríntios 9.1; 15.7-8);

2) Ser comissionado por Cristo a pregar o Evangelho e estabelecer a Igreja (Mateus 10.1-2; Atos 1.26).

Assim como Matias, que passou a integrar o corpo apostólico por ser uma testemunha, Paulo, que se considerava o menor, por ser o último dos apóstolos, contemplou a Cristo no caminho de Damasco (Atos 9.1-9; 26.15-18), onde ocorreu o início de sua conversão. Ou seja, ambos preenchem os pré-requisitos para tal função. No entanto, os que se intitulam apóstolos em nossos dias não se encaixam nos padrões bíblicos que validam o apostolado.
É interessante que, enquanto o Ap. Paulo refere-se a si mesmo como “o menor dos apóstolos” (1 Coríntios 15.9), os atuais apóstolos têm por característica a fama e a ostentação do título. Tudo é apostólico! A unção é apostólica! Os eventos são apostólicos! As músicas são apostólicas! Nem de longe se assemelham com a humildade dos apóstolos bíblicos. Eventos, cultos e seminários se tornam mais interessantes quando a presença do Apóstolo Fulano é confirmada. É um chamariz: “venha e receba a unção apostólica diretamente do Apóstolo Beltrano”.

Tais apóstolos têm se colocado como super-crentes, uma nova e especial classe da Igreja, a elite cristã dos tempos modernos. Hoje existe de tudo um pouco neste balcão mercantil da fé: Apóstolo do Brasil, Apóstolo da Santidade, Apóstolo do Avivamento e até mesmo o mais popular apóstolo brasileiro, chamado por muitos “Paipóstolo”.
Existem hoje ministérios com características apostólicas, no sentido das missões (envio) e no de igrejas. No entanto, isso não faz de ninguém um apóstolo nos padrões bíblicos. A forma como Wayne Grudem explica esse fato é muito esclarecedora:

“Embora alguns hoje usem a palavra apóstolo para referir-se a fundadores de igrejas e evangelistas, isso não parece apropriado e proveitoso, porque simplesmente confunde quem lê o Novo Testamento e vê a grande autoridade ali atribuída ao ofício de ‘apóstolo’. É digno de nota que nenhum dos grandes nomes na história da Igreja – Atanásio, Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley e Whitefield – assumiu o título de ‘apóstolo’ ou permitiu que o chamassem apóstolo. Se alguns, nos tempos modernos, querem atribuir a si o título ‘apóstolo’, logo levantam a suspeita de que são motivados por um orgulho impróprio e por desejos de auto-exaltação, além de excessiva ambição e desejo de ter na igreja mais autoridade do que qualquer outra pessoa deve corretamente ter”. (Grudem, p. 764).

É equivocado aplicar o termo “apóstolo” para ministros contemporâneos. A Bíblia de Estudo de Genebra conclui que “não há apóstolos hoje, ainda que alguns cristãos realizem ministérios que, de modo particular, são apostólicos em estilo. Nenhuma nova revelação canônica está sendo dada; a autoridade do ensino apostólico reside nas escrituras canônicas” (Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1272).
Tamanho fascínio que os crentes possuem por essa Restauração Apostólica gera preocupação nas lideranças mais sóbrias. Vale citar as sábias palavras de Augusto Nicodemus Lopes:

“Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos auto-nomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira.” (Lopes, cf. blog do autor).

CONCLUSÃO

Os ofícios que o Novo Testamento expõe para a Igreja, para aqueles que compõem sua liderança, são: Apóstolos, Pastores (ou Presbíteros, ou Bispos – já que todos os termos representam a mesma função/ofício – Tito 1.5-7; Atos 20.17,28) e Diáconos. Esta Restauração Apostólica não encontra subsídio bíblico ou histórico. Portanto, levando em conta este contexto, e considerando principalmente que Paulo foi o último apóstolo, conclui-se que não existem apóstolos em nossos dias. Cabe à Igreja de nossos dias exercer suas funções sem invencionices e modismos, seguindo o puro e verdadeiro Evangelho.


Referências:
Buckland, AR. e Willians, L. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: 2001. Editora Vida
Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo: 1999. Editora Cultura Cristã Page 3
Geisler, N. e Rhodes, R. Resposta às Seitas. Rio de Janeiro: 2004. CPAD.
Champlin, RN. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 3 e 4. São Paulo: 2002. Hagnos
Grudem, W. Teologia Sistemática. São Paulo: 1999. Edições Vida Nova.
AGIR – Agência de Informações Religiosas – www.agirbrasil.com
Augusto Nicodemus Lopes - http://tempora-mores.blogspot.comOrigem: www.irmaos.com/articulando/?id=1436

segunda-feira, 23 de março de 2009

Comentários à lição 13 (13109)


A tipologia bíblica em Levítico


Por Mário Mendonça

Superintendente da EBD Itaquerão



Chegamos à última lição deste trimestre em que na maioria das lições já abordaram assuntos referentes às festas anuais de Israel (Lv 23.1-44): Páscoa, Pães Asmos, Primícias, Semanas (Colheita ou Pentecoste), Trombetas (Rosh Hashanah), Dia da Expiação (Yom Kippur) e Tabernáculos (Cabanas ou Colheita). Em todas estas festas Deus e seus atos eram lembrados e comemorados pelo seu povo. Como já vimos no decorrer do trimestre, as festas traziam à memória do povo algo que já havia acontecido, mas também eram figuras de acontecimentos futuros com respeito ao que Deus tinha planejado para a redenção do ser humano.

Levítico (pertinente ou concernente aos levitas), nome adaptado pela tradução grega da Septuaginta, é um manual de instruções para os sacerdotes. Os judeus conheciam-no pelo nome “Wayyqra” (e chamou), frase inicial do primeiro versículo. Dos livros do Velho Testamento, é o que se refere à Lei com mais detalhes.

Deus ama o Seu povo e, com a construção do tabernáculo, habitou no meio deles, mas como seria isso possível: (Lv 11:45 Porque eu sou o SENHOR, que vos fiz subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo. Lv 20:7 Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o SENHOR vosso Deus. Lv 19:2 Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR vosso Deus, sou santo.)? Instituiu então o Senhor diversos sacrifícios nos quais o sangue dos animais usado para expiação dos pecados apontava para o Cordeiro de Deus (Jo 1:29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Jo 1:36 E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.)

Além dos sacrifícios e sua tipologia, também temos em Levítico muitos ensinamentos que devem ser observados por aqueles que querem servir a Deus. Quero destacar Arão e seus filhos, que por instrução de Deus foram ordenados para o sacerdócio por Moisés (Lv 8:1-36). Tomam posse (Lv 9:1-24), porém, Nadabe e Abiú, os quais Deus consumiu, pois entraram na presença do Senhor com fogo estranho (Lv 10:1-2). Nadabe e Abiú tinham tudo que era necessário para ter um ministério abençoado e abençoador entre o povo de Deus, mas foram reprovados por Ele na conduta inadequada do exercício sacerdotal. Que O Senhor nos guarde!

Sabemos que tudo que está registrado na Bíblia é para nosso ensino (1Co 10:11 Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.)

Deus não se agrada com qualquer tipo de desmazelo em nossos cultos de adoração que, se estiverem na direção do Espírito Santo, o exaltado sempre será o Senhor Jesus.

1Pe 2:8- Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;

Sugestões para debate:

Como a igreja de Jesus deve exercer o seu ministério sacerdotal?
O que a lepra simboliza?
O leproso era curado ou purificado?

Consulte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sumo_Sacerdote_de_Israel

Bons estudos!

sábado, 14 de março de 2009

Errata

Todas as semanas nós postamos comentários referentes às lições que estudaremos na EBD na semana seguinte. Esta semana, porém, por um lapso, ao invés de postarmos o comentário de amanhã, que seria o da lição 11, adiantamos o comentário da lição 12.
Pedimos desculpas a todos os irmãos que nos acompanham e prometemos que faremos o possível para que o erro não volte a acontecer.
Deus continue nos abençoando!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Comentários à lição 12 (12109)

O Oitavo Dia é uma Figura da Eternidade
Por Antonio Silva
Prof. da Classe Novos Convertidos


No ponto de vista do escritor, que já na introdução associou a eternidade à 8ª Dispensação por se tratar de um período futuro, vindo depois do Milênio, estamos vivendo na 6ª Dispensação, denominada Eclesiástica e, segundo estudiosos da Bíblia, a 7ª Dispensação será o Milênio.

Este ponto de vista facilita bastante o entendimento, devido ao fato de estarmos falando de futuro, isto é, falando de um assunto que não vivemos ainda, não temos experiências concretas. Porém, quando falamos de Dispensação, falamos de um período de tempo. Logo, concluímos que tem início e fim, e consequentemente é diferente de eternidade.

Buscando na Bíblia algumas referências relacionadas ao oitavo dia, em Gênesis 2.7 temos a criação do homem após o sétimo dia, quando Deus abençoou, santificou e descansou de toda a sua obra. “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” Este detalhe me chamou a atenção. Encontramos várias referências na Bíblia: “Deus não dorme”, cf. Salmos 121.4; “O Senhor pelejará por vós”, cf. Êxodo 14.14; “Porque desde a antiguidade não se viu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera”, cf. Isaías 64.4. Mesmo assim, o homem caiu. Mas Deus, que sempre trabalhou para que o homem se reconciliasse com Ele, fez promessas a Abraão, que de sua semente faria uma grande nação.

Em Gênesis 21.4 Abraão circuncidou a Isaque no oitavo dia de vida. Passaram-se gerações, até que veio o Messias, O Salvador Jesus Cristo, que também foi circuncidado no oitavo dia, para que nEle se cumprisse toda a Lei. (Lucas 2.21-24)

Conclusão:

Após a maravilhosa obra da Criação, Deus criou o homem num ambiente privilegiado denominado Jardim do Éden. Vivendo na primeira Dispensação, a da Inocência, o homem foi facilmente enganado, pecou e perdeu seus privilégios. Por esta causa a humanidade vem sofrendo as consequências durante essas 6 Dispensações, mas a Igreja da qual somos membros, “eu creio” será arrebatada e reinará com Cristo enquanto aguarda a Nova Jerusalém, pois Jesus disse: “Eu vou preparar-vos lugar”, cf. João 14.2; “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição”, cf. Apocalipse 19.6.

Deus abençoe grandemente a Sua Igreja!

terça-feira, 3 de março de 2009

Comentários à lição 10 (10109) - parte B


O DIA DA EXPIAÇÃO
Por Ev. Alan G. de Sá***
Líder do Ministério Pescadores de Almas** e
Professor Convidado da EBD

Foi instituído como estatuto permanente por Moisés, como dia de expiação pelos pecados no décimo dia do mês de Tirsri (setembro/outubro). Essa grande festividade, assim como as outras, começava ao pôr do sol do dia anterior, prolongando-se por 24 horas, até o pôr do sol do outro dia, conforme os rabinos recomendavam, até que três estrelas fossem vistas no horizonte.

O propósito que transparece neste dia é que ele servia de lembrete de que os holocaustos diários, semanais e mensais, feitos sobre o altar das ofertas queimadas, não eram suficientes para fazer a expiação pelo pecado. Até mesmo no caso das ofertas feitas sobre o altar das ofertas queimadas, o adorador mantinha-se afastado, incapaz de aproximar-se da santa presença de Deus, O qual se manifestava entre os querubins, sobre o propiciatório, no Santo dos Santos. Somente neste dia era feita plena expiação, simbólica, no interior do Santo dos Santos.

Essa restrição também mostrava que o pecado é um obstáculo para se acessar a presença de Deus com liberdade.

Havia nesse dia uma série de normas e proibições para a execução de sua cerimônia, sobretudo para o sumo sacerdote. Elas estão escritas no capítulo 16 do livro de Levítico. Ele tinha uma série de normas a serem observadas nesse dia, pois era o único dia do ano que ele entraria no Santo dos Santos para fazer expiação pelo pecado dele, sua família e da nação (Lv 16.5, 6, 15; Hb 9.7). De fato, nesse dia o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos por quatro vezes:

1-) Na primeira vez ele trazia o incensário de ouro e o vaso cheio de incenso. Após ter entrado, ele colocava o incensário entre as duas extremidades do Santo dos Santos e o incenso sobre os carvões acesos. Então, ele retirava-se de costas para nunca dar as costas para o Santo dos Santos. (Lv 16.12, 13);

2-) Na segunda entrada ele levava consigo o sangue do animal oferecido em expiação pelos pecados por si e pelos demais sacerdotes; colocava-se entre as duas extremidades do Santo dos Santos, imergia um dedo no sangue e o aspergia por sete vezes embaixo e por uma vez em cima do propiciatório. Tendo feito isso, deixava a bacia e voltava novamente;

3-) O sumo sacerdote entrava com o sangue do carneiro oferecido pelos pecados da nação, com o qual aspergia na direção do véu do Santo dos Santos, nos chifres do altar de incenso, e depois derramava no assoalho do altar das ofertas queimadas, após ter saído levando as bacias com sangue para fora;

4-) Na quarta vez, o sumo sacerdote adentrava o Santo dos Santos meramente para buscar o incensário e o vaso de incenso. Isso fica claro em face da variedade dos ritos realizados, conforme relatado nas descrições de Levítico 16.12,14,15. A expressão “uma vez por ano”, em Hb 9.7, mostra que ele entrava ali “uma vez por ano”, não dizendo respeito às várias entradas que constituíam a entrada nesse dia.

O sumo sacerdote era a única pessoa que podia fazer isso, e nos dias do Novo Testamento, a fim de não haver erro, ele era cuidadosamente vestido pelos anciãos e praticava diariamente o ritual na semana anterior.

As consciências ficavam limpas pelo bode remanescente, que recebia os pecados do povo pela imposição de mãos (Lv 16.21,22). Ele era depois levado ao deserto e solto ali para simbolizar a remoção do pecado. Esse animal era conhecido como bode expiatório. As carcaças dos animais sacrificados eram então queimadas longe dali. O escritor aos Hebreus considerou toda a cerimônia desse dia como uma figura imperfeita do que Jesus fez por nós (Hb 9.7-14; 10.19-22; 13.11,12).

MAS O QUE SIGNIFICA O TERMO EXPIAR?

A Palavra “expiar” (hebraico Kãphar), como verbo, quer dizer “cobrir, reconciliar, propiciar, pacificar”. Esta raiz é encontrada no idioma hebraico em todos os períodos de sua história, e talvez seja mais bem conhecida do termo Yom Kippur, “Dia da Expiação”. Ocorre com mais frequência no livro de Levítico. No capítulo 16 de Levítico, é encontrado pelo menos 16 vezes. Como vemos, é o grande capítulo relativo ao dia da expiação.

Como substantivo (kappõret), significa “propiciatório, assento da misericórdia, trono da clemência”. Esta forma do substantivo kãphar refere-se a uma laje de ouro que ficava em cima da arca do concerto, onde ficavam os querubins, um de frente para o outro. No dia da Expiação, o sumo sacerdote borrifava sobre ela o sangue da oferta pelo pecado, simbolizando a aceitação do sangue por Deus. Assim, o Kappõret era o ponto central no qual Israel, por meio do seu sumo sacerdote, podia entrar na presença de Deus.

A idéia básica da expiação está ligada à reparação de um mal, à satisfação das exigências da justiça por meio do pagamento da penalidade.

A LIÇÃO DO “DIA DA EXPIAÇÃO” VALE APENAS PARA O POVO JUDEU?

Na verdade, não. Como vimos na Palavra de Deus, o propósito desse dia era buscar o perdão dos pecados da nação Israelita e a sua aceitação por Deus. Esse desejo de ser perdoado e aceito por Deus, na verdade, existe dentro de todo ser humano. Até na vida dos que se dizem ateus, este desejo se manifesta no vazio e na mera visão cíclica da vida: “nascer-viver-morrer”.
No fundo, todo ser humano sabe que ele tem um destino eterno, porém ao mesmo tempo que ele tem esta consciência, ele também sabe que é indigno e que de alguma forma ele não está pronto para encarar tal destino.
Por exemplo:
Don Richardson, em seu livro “O Fator Melquisedeque”, fala-nos sobre um povo que vive na Indonésia, por nome Dyaks, de Bornéu. Esse povo, antigos caçadores de cabeças, e que agora por conflitos políticos têm retornado a essa prática, nunca ouviram falar de “Dia da Expiação” dos judeus, e tinham um costume semelhante. Uma vez por ano toda a aldeia e seus anciões se reuniam à beira de um rio. Os artesãos da tribo faziam um barco que era entregue nas mãos dos anciãos, que cuidadosamente era colocado à margem do rio próximo da Aldeia onde moravam, chamada Anik. Estes escolhiam duas galinhas do bando da Aldeia, enquanto toda a aldeia olhava. Os anciãos, depois de verificarem se as duas galinhas estavam sadias, matava uma delas e colocava o seu sangue à margem do rio, e a outra era amarrada viva na extremidade do barco, junto com uma lâmpada amarrada na outra extremidade. Depois, cada habitante da Aldeia vinha e depositava algo invisível, que eles chamavam de “Dosaku!”, “meu pecado”. Depois os anciãos colocavam o barco no rio cuidadosamente e esperavam ele sumir na correnteza. Caso ele voltasse para a margem ou encalhasse em algo invisível, seria um ano de ansiedade, até o próximo ritual. Porém se o barquinho desaparecesse na curva do rio todo o povo gritava: “Selamat! Selamat! Selamat!” (Estamos salvos, Estamos salvos). Mas só até o próximo ano!

Toda essa conscientização em relação ao pecado, assim como ocorreu com o povo judeu, cremos que foi dada por Deus ao coração de todo ser humano. Qual a solução que Deus oferece então para judeus e gentios?

JESUS CRISTO É O CUMPRIMENTO DO DIA DA EXPIAÇÃO

O autor de Hebreus realça o cumprimento do dia da expiação em Jesus Cristo (Hb 9.6-10.18). Ele é tanto o Cordeiro sacrificado como Aquele que leva os pecados embora. Jesus é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29).
Estes sacrifícios apontavam para Jesus, que ao contrário dos sumos sacerdotes anteriores, que precisavam repetir anualmente estes sacrifícios tanto por eles mesmos como pela nação, veio para remover permanentemente todo o pecado confessado (Hb 9.28; 10.10-18).

Os dois bodes representam o perdão, a expiação, a reconciliação e a purificação consumada por Cristo. O bode que era sacrificado representa a morte vicária (substitutiva) e sacrificial de Cristo pelos pecadores para remissão dos seus pecados (Rm 3.24-26; Hb 9.11,12,24-26). O bode expiatório, conduzido para longe, levando os pecados da nação, tipifica o sacrifício de Cristo, que remove o pecado e a culpa de todos quantos se arrependem (Sl 103.12; Is 53.6,11,12; Jo 1.29; Hb 9.26)

O lugar santíssimo onde o sacerdote oferecia a expiação simbolizava o trono de Deus nos céu. Cristo entrou lá após Sua morte e, com Seu próprio sangue, fez expiação para o crente perante o trono de Deus (Êx 30.10; Hb 9.7,8,11,12,24-28).

Jesus efetuou o pagamento para Deus de nossos pecados de uma vez por todas!

Deus abençoe a todos e Bons estudos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CHAMOLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos
GOWER, Ralph. Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. Ed. CPAD
DICIONÀRIO VINE. Ed. CPAD
DICIONÁRIO WICLLIFF. Ed. CPAD
RICHARDSON, Don. O Fator Mesquisedeque. Ed. Vida Nova
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Ed. CPAD
**www.pescadoresdealmas.blogspot.com

Comentários à lição 10 (10109) - parte A

O Dia da Expiação

Por Ev. Edmilson A. de Araújo
Co-pastor da Assembléia de Deus - Itaquerão
Líder do Grupo de Discipulado e
Professor Convidado da EBD

Expiação: cumprimento de pena, sacrifício.
Objetivo: Expiar quaisquer pecados que ainda não foram expiados e simbolizar a eliminação divina desses pecados, purificando assim a nação por mais um ano.
Ritual: Chorar e afligir suas almas. O sumo sacerdote oferecia um novilho e dois bodes. Um bode para simbolizar a expiação e outro para levar sobre si todas as iniquidades do povo (representa Cristo).
Cristo, o Cordeiro de Deus que expiou todos os nossos pecados, pagando por eles com Sua morte na cruz, levou sobre Si todos eles (Hb. 10.23-26).
A expiação era o grande dia de humilhação nacional entre os filhos de Israel.
A mandeira de observar essa manifestação de dor e arrependimento encontra-se descrita em Levítico 16.
A expiação não foi um pensamento de última hora da parte de Deus. A queda do homem não o apanhou de surpresa, de modo a necessitar de uma rápida providência para remediá-la. Antes da criação do mundo, Deus, que conhece o fim desde o princípio, proveu um meio para a redenção (ajuda ou recurso capaz de salvar. Salvação oferecida por Jesus Cristo na cruz, com ênfase no aspecto de libertação da escravidão do pecado).
Essa verdade é afirmada pelas Escrituras. Jesus é descrito como o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap. 13.8).
O Cordeio pascal era aprisionado vários dias antes de ser sacrificado (Ex. 12.3,6). Da mesma forma, Cristo, o Cordeiro imaculado e incontaminado, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo (1Pe. 1.18-20).
Os sacrifícios do Antigo Testamento eram bons no sentido de terem cumprido um determinado propósito incluído no plano divino, isto é, um meio de graça, de reconciliação do povo com Deus.
A necessidade da expiação é a consequência de dois fatos: a santidade de Deus e a pecaminosidade do homem. A reação da santidade de Deus contra a pecaminosidade do homem é conhecida como Sua ira.
Deus contituiu o homem e o mundo segundo leis específicas, leis que formam o próprio fundamento da personalidade humana, escritos no coração e na natureza do homem. Essas leis unem o homem e seu Criador pelos laços da relação pessoal e constituem a base da responsabilidade humana. O pecado perturba a relação e afasta o homem de Deus.
O sacrifício único do Novo Testamento é melhor. Embora reconhecessem a divina ordenação de sacrifícios de animais, os israelitas esclarecidos certamente compreendiam que esses animais não podiam ser o meio perfeito de expiação.
Havia grande disparidade entre o irracional e irresponsável e o homem feito à imagem de Deus. Era evidente que o animal não constituía sacrifício inteligente e voluntário. Não havia nenhuma comunhão entre o ofertante e a vítima. Era evidente, ainda, que o sacrifício do animal não poderia comparar-se em valor à alma humana, nem tampouco exercer qualquer poder sobre o homem interior. Nada havia no sangue da criatura irracional que efetuasse a redenção espiritual da alma, a qual somente seria possível pela oferta duma vida humana perfeita. O escritor inspirado externou o que certamente foi a conclusão à qual chegaram muitos crentes no Antigo Testamento, quando disse: "Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados" (Hb. 10.4).
Quando muito, os sacrifícios eram apenas meios temporários e imperfeitos de cobrir o pecado até que viesse uma redenção mais perfeita. A Lei levou o povo à convicção dos pecados (Rm. 3.20), e os sacrifícios tornaram inoperantes esses pecados, de forma que não podiam provocar a ira divina.
Os sacrifícios de animais são descritos como "ordenanças carnais", isto é, são ritos que removeram contaminações do corpo e expiaram atos externos do pecado (Hb. 9.10), mas em si mesmos nenhuma virtude espiritual possuíam "...o sangue dos touros e bodes... santifica quanto à purificação da carne" (Hb. 9.13); isto é, fizeram expiação pelas contaminações que excluíam um israelita da comunhão na congregação de Israel. Por exemplo, se a pessoa se contaminasse fisicamente, seria considerada imunda e cortada da congregação de Israel até que se purificasse e oferecesse sacrifício (Lv. 5.1-6). Se ofendesse materialmente ser próximo, estaria sob a condenação até que trouxesse uma oferta pelo pecado (Lv. 6.1-7). No primeiro caso, o sacrifício purificava a contaminação carnal; no segundo, o sacrifício fazia expiação pelo ato externo, mas não mudava o coração.
A expiação de Cristo propõe a união do homem com Deus quando aquele se arrepende, se humilha e deixa seu pecado, aceitando a expiação como a bondade e o amor de Deus manifestos na morte de Seu Filho.
Essa morte (sacrifício), pelo derramamento do sangue de Jesus, nos purifica de todo o pecado, trazendo harmonia de relação com Deus através do perdão. Essa relação tem efeito de nos tornar templo do Espírito Santo.
Em João 14.17 está escrito que esse Espírito habita em nós.
Essa é a importância de darmos valor à morte de Cristo e darmos crédito à Palavra de Deus.

Jesus te ama!

domingo, 1 de março de 2009

Reflexão

"Ninguém sabe com certeza quando Cristo retornará, ou se estamos realmente vivendo os últimos dias. Cremos, porém, que os cristãos que vivem hoje têm mais razão para crer que Cristo pode vir em nossa geração do que aqueles que viveram nas gerações anteriores. Por exemplo, todos os estudiosos de profecia concordam que a geração que viu Israel retornar à sua terra em 1948 pode bem ser a "geração [que] não passará até que todas estas coisas aconteçam" (Mateus 24.32-34, NVI). Em outras palavras, antes que a geração estratégica saia de cena, o tempo, como o conhecemos, chegará ao fim.
Quando examinamos todos os "sinais dos tempos" que têm sido cumpridos em nossa atual existência, somos levados a crer que a vinda de Cristo está muito próxima. Como Jesus disse, "ela [sua vinda] está próxima, às portas". Esta geração tem, certamente, razão mais consistente para crer que Cristo pode vir atualmente do que se podia pensar antes de nós. Sim, podemos, certamente, estar no fim dos tempos!"
LAHAYE, Tim. JENKINS, Jerry B. Estamos vivendo os últimos dias? SP: United Press, 2001, pg. 351